A atual pandemia global de COVID-19 está afetando a saúde respiratória dos indivíduos do mundo inteiro, inclusive do povo brasileiro. O Covid-19 se apresenta com uma evolução ainda pouco conhecida, mas como uma doença respiratória aguda altamente contagiosa. Inicialmente poderá apresentar sintomas leves, mas com evolução para pneumonia severa, a taxa de mortalidade associada está em torno de 2% a 3%, e mais de 33 milhões de casos de infecção por COVID-19 foram confirmados em todo o mundo e 1 milhão de mortes. No entanto, devido à falta de informações concretas sobre o vírus, está havendo um aumento da taxa de novos casos dia após dia.

A referência que temos no momento para o diagnóstico definitivo de infecção por COVID-19, é a reverse-transcriptase polymerase chain reaction (RT-PCR) e achados radiológicos positivos em estados mais avançados também ajudam, tendo em vista que não há como fazer os testes em toda população infectada devido a velocidade do contágio. Inicialmente, a radiografia convencional de tórax não tem sido recomendada para rastreamento da doença por Covid-19. Por outro lado, estudos recentes têm demonstrado que a TC na detecção e gerenciamento precoces das manifestações pulmonares do COVID-19 é importante, embora o uso da TC de tórax como ferramenta de triagem não esteja ainda estabelecido, pois tem baixa especificidade, embora tenha alta sensibilidade.

O interessante das imagens de tomografia computadorizada é que tem apresentado até o momento achados tomográficos importantes, como opacidades em vidro fosco predominando alterações alveolares e consolidações focais. Geralmente com acometimento multifocal e bilateral, distribuição periférica, principalmente no lóbulo pulmonar médio, inferior e posterior. Em pacientes em fase avançada, entre 8 e 14 dias após o aparecimento dos sintomas foram observados o acometimento intersticial concomitante, alterações alveolares e derrame pleural.

É preciso ressaltar que os achados tomográficos em pacientes com Covid-19 são inespecíficos e são semelhantes a outras infecções pulmonares, e metade dos pacientes infectados por COVID-19 podem apresentar um exame tomográfico de tórax normal nos dois primeiros dias após o aparecimento dos sintomas. Portanto o exame de TC não é indicado como método inicial de rastreamento do Covid-19, ou seja, o exame tomográfico não deve ser usado na triagem de COVID-19 em pacientes assintomáticos, e sim em pacientes hospitalizados, sintomáticos ou em situações clínicas específicas. Os profissionais da radiologia são extremamente importantes e devem estar familiarizados com o espectro de acometimento do COVID-19 visualizados nas imagens tomográficas, podendo assim identificar e ajudar o médico a começar o tratamento precocemente, salvando milhares de vida.

Prof. TiTodescatto

Referências

Araujo-Filho1 JAB, 2 , Sawamura1 MVY, 3 , Costa1 AN, 3 , et al. Pneumonia por COVID-19: qual o papel da imagem no diagnóstico?. J Bras Pneumol. 2020;46(2):e20200114